Plano de Acção 2019-2020
A Fundação “Sementes de Esperança” é uma Organização Não Governamental integrada na Pastoral Orgânica da Diocese de Pemba e oferece um Programa de Apoio á Sociedade Civil na área de Assistência Social. Todas as Actividades propostas abrangem o território da Província de Cabo Delgado, tendo como Visão:
“um mundo fraterno e solidário em que a dignidade do ser humano seja protegida e valorizada e as pessoas mais vulneráveis e desfavorecidas sejam acolhidas e promovidas em espírito de solidariedade e harmonia entre as diferentes culturas e religiões”.
A Fundação assume portanto a Missão de:
“promover a dignidade de todo ser humano e a solidariedade por meio de iniciativas comprometidas com as situações mais vulneráveis e o protagonismo dos mais excluídos, sensibilizando as crianças e a comunidade para que sejam cidadãos solidários, conscientes, responsáveis e competentes no mundo e na realidade em que vivem”.
Nas suas Acções promove os seguintes Valores:
Vida – Dignidade do Ser Humano – Esperança – Acolhida – Diálogo entre as Culturas Solidariedade
Os âmbitos de acção para o biênio 2019-2020 serão os seguintes:
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Acompanhamento socioeducativo e centros de acolhimento
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Crianças órfãs, vulneráveis e com necessidade de protecção social.
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Raparigas órfãs e carentes em situação de risco e exclusão social.
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Infância urbana socialmente em risco.
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Crianças portadoras de deficiência vítimas de discriminação e com necessidade de reabilitação física.
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Jovens e adolescentes com necessidade de acompanhamento socioeducativo.
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Protecção dos menores
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Crianças vítimas de maus tratos e negligências.
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Adolescentes vítimas de abuso sexual ou uniões prematuras.
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Menores vítimas de exploração laboral e tráfico.
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Protecção alimentar
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Crianças afectadas por desnutrição severa nos primeiros anos de vida.
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Apoio psicossocial e trabalho na comunidade
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Pessoas atingidas pela lepra vítimas de estigma, com dificuldade no tratamento e com necessidade de reabilitação socioeconómica.
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Comunidade e famílias vivendo com crianças portadoras de deficiência.
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Contexto e análise da situação
Contexto socioeducativo
Nos últimos quinze anos aumentaram notavelmente em Moçambique as oportunidades de acesso á escola, graças ao incremento de estabelecimentos de ensino, a formação de professores e a sensibilização sobre a importância da escolarização logo aos 6 anos de idade. Estes factores e outros como a abolição das propinas escolares entre 2003 e 2004 e o sistema de distribuição gratuita de livros nas escolas primárias contribuíram para tornar mais inclusiva a frequência escolar. Contudo, a realidade indica que apesar de ter aumentado o número de alunos matriculados, abrangendo actualmente o 97% das crianças moçambicanas, o 50% das crianças não termina o ensino primário e a qualidade de ensino não corresponde ao nível desejado. Dentre as desistências escolares, o 55% são raparigas. De facto, embora tendo melhorado a paridade de género no acesso á escola no ensino primário e secundário, as taxas de abandono e repetição, sobretudo entre as meninas, continuam a ser elevadas. As maiores causas de desistência se devem a factores económicos e culturais, assim como aos casamentos prematuros e a gravidez precoce, onde Cabo Delgado se coloca como uma das Províncias com as taxas mais elevadas de prevalência. Muito influem também as condições ditadas pela distância entre a casa e a escola, a falta de salas de aulas adequadas, a insuficiência de professores em relação ao número de alunos e os comportamentos, por parte dos professores, de absentismo, acosso e abuso sexual nas escolas. A inclusão real das crianças portadoras de deficiência nas escolas continua a ser um desafio difícil. Embora que Moçambique tenha ratificado em 2010 a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CNUDPD) e tenha desenvolvido já o segundo Plano Nacional de Acção para a área de Deficiência (2012-2019), promovendo uma abordagem multissectorial para a promoção e inclusão das pessoas com deficiência, os direitos deste coletivo da população moçambicana não são ainda totalmente garantidos. As pessoas com deficiência não são ainda plenamente incluídas e capacitadas para reduzir de forma sustentável a desigualdade e a pobreza. Na comunidade, sobretudo nas zonas rurais, nota-se uma forte influência de algumas crenças que deixam as crianças portadoras de deficiência á margem da vida comunitária e favorecem o estigma social. Estima-se que em Moçambique apenas 1% das crianças com deficiência frequenta a escola. No entanto, o II Plano Nacional de Acção para Área de Deficiência 2012-2019 (PNAD II) apela para a educação inclusiva como uma estratégia de educação das pessoas com deficiência em todos os níveis do sistema educativo, tanto para crianças que para jovens e adultos. O Plano Estratégico do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano 2012-2016 expressou o compromisso do Governo com o conceito de inclusão. Entre as maiores dificuldades, além da falta de consciencialização dos próprios pais, consta a escassez de escolas inclusivas, de professores treinados e de materiais de ensino e aprendizagem adequados. Para além da inclusão nas escolas, é fundamental uma implementação efectiva do Plano de Reabilitação Baseada na Comunidade (RBC) de maneira a desenvolver habilidades profissionais nos adolescentes e jovens portadores de deficiência por meio do treinamento técnico e vocacional, e a sua inserção económica ou subsistência através de actividades geradoras de renda, grupos de poupança e empréstimos, trabalho em casa e produção individual.
Desafios no âmbito da protecção de menores
Moçambique tem sido entre os primeiros países africanos a ter um quadro de protecção jurídica e legal da criança, com a aprovação em 2008 das três leis sobre a Promoção dos Direitos da Criança, a Prevenção do Tráfico de Menores e a Organização Tutelar. Contudo, a negligência e violência sobre o menor constitui ainda um dos maiores problemas socioculturais do país, pondo em risco o crescimento das crianças e trazendo graves consequências para o seu desenvolvimento. As formas de violência mais comuns se verificam na família, na escola e na comunidade e são: a violência doméstica física ou psicológica, a negligência, o abuso sexual, a prostituição menoril, o trabalho infantil, o tráfico e venda de crianças e menores no cativeiro ou em conflito com a lei. A família representa o espaço mais frequente de violência. Esta acontece por parte dos pais e outros familiares próximos e se expressa por agressão física, sexual, psicológica e negligência. O uso da força na educação dos filhos, as expressões de desprecio e não-aceitação da criança, a incapacidade de ir ao encontro das necessidades emocionais e materiais da criança e de garantir a orientação e supervisão adequadas, o abandono da criança e a falta de compromisso por parte dos pais para assumir as suas responsabilidades são alguns exemplos da prática da violência doméstica da qual o menor é vítima no seio da família. Isto traz como resultado, entre outro, a existência de crianças e adolescentes “na rua” e os efeitos duradouros do sofrimento psicológico que as torna crianças medrosas, ansiosas e emocionalmente isoladas. Dentre as formas de violência mais preocupantes, sobretudo nas raparigas, está o abuso sexual, dentro da família ou extra familiar, que resulta actualmente no aumento dos casos de DTS’s e HIV. Outros factores que fomentam a violação dos menores são algumas crenças mágicas tradicionais que propiciam o incesto ou o cruzamento entre irmãos, tios, sobrinhos, etc. para efeitos de sucesso e enriquecimento pessoal, assim como o uso de crianças em cerimónias para a cura do seropositivo e o uso de órgãos e partes do corpo para algumas práticas rituais. Estas práticas e crenças concorrem também para a ocorrência do tráfico de menores. A vulnerabilidade social da maior parte das famílias moçambicanas joga um papel importante, já que permite que as crianças e os seus pais sejam aliciados e induzidos a acreditar que os órgãos humanos magicamente tratados podem resolver os seus problemas. O casamento precoce é considerado também uma forma de violência porque na sua quase totalidade, a sua ocorrência não tem como base o livre consentimento dado por ambas as partes. De facto ao casar-se, a menor renuncia á sua infância e muitas vezes á escola para assumir o papel de mulher e esposa, incluindo manter relações sexuais com um homem mais velho que pode não ter sido ela a escolher. É nesta perspectiva que o casamento prematuro é visto como violência ou forma de legitimar o abuso sexual das crianças. A prática pode constituir igualmente uma forma de exploração sexual de menores, num contexto em que os pais cedem em casamento prematuramente as suas filhas para obter benefícios económicos, sociais ou para poder sustentar a família. Moçambique é um dos países com dados preocupantes sobre o fenómeno dos casamentos prematuros e a gravidez na adolescência. Nisso, exercem uma forte influência os ritos de iniciação e outros factores socioculturais associados á pobreza que excluem as raparigas da vida social, mas também a fraca divulgação da legislação sobre a protecção dos menores e da mulher. O trabalho infantil é outra forma de violência que ocorre em Moçambique a partir dos 7 anos de idade. O termo refere-se a formas de emprego ou trabalho não remunerados que violam os direitos da criança, como por exemplo o direito á educação. Algumas actividades como a prostituição infantil e o trabalho doméstico são remuneradas inadequadamente por produtos alimentares, vestuários, acomodação, propinas para a escola e as vezes nenhuma remuneração. Frente a todas estas problemáticas e negações da dignidade e protecção da criança, o Governo moçambicano está promovendo políticas de “tolerância zero”, contudo é ainda grande o esforço que deve ser feito a todos os níveis para consciencializar a população sobre a necessidade da prevenção e a denúncia.
Protecção alimentar
Desde 1990, Moçambique tem um programa de protecção social cada vez mais robusto e abrangente no que diz respeito à redução da desnutrição crónica, contudo estes programas não tiveram ainda impactos significativos ao nível das crianças. Moçambique tem uma taxa de desnutrição entre as mais elevadas do mundo, afectando cerca de 43% das crianças menores de 5 anos. De acordo com o relatório Pobreza Infantil e Disparidades em Moçambique, a mais alta taxa de desnutrição crónica regista-se na província de Cabo Delgado onde 59% dos menores enfrentam este problema. Conforme o Relatório da Avaliação da Situação de Segurança Alimentar e Nutricional 2017 emitido pelo Ministério da Agricultura e Segurança Alimentar, na época de pré-colheita o número de casos de desnutrição aguda é de cerca de 30.000 crianças, destas, 8.000 com desnutrição aguda grave e 22.000 com desnutrição aguda moderada. Em geral a desnutrição afecta sobretudo, as crianças entre os 6 meses e os 5 anos de idade que vivem em áreas muito remotas, com difícil acesso aos serviços básicos e de agregados familiares pobres que dependem da agricultura. Esta é causada especialmente por uma quantidade e qualidade muito baixa da alimentação infantil e complementar, assim como por doenças, tais como a diarreia, a malaria e o HIV. Contribuem também o aleitamento materno não complementado por outros alimentos a partir dos 6 meses, a insegurança alimentar na família e comunidade, a falta de acesso a fontes de água segura, as incúrias na procura dos serviços de saúde assim como as dificuldades de acesso aos mesmos e as negligências no atendimento recebido. Os primeiros 23 meses de vida representam um período crítico para o desenvolvimento global da criança, em particular ao nível cognitivo. Este período oferece uma “janela de oportunidade” única para o investimento no desenvolvimento da criança, com resultados a longo prazo. A desnutrição tem, de facto, impactos negativos não só ao nível do desenvolvimento e saúde da criança, mas também ao nível da sua produtividade na idade adulta, podendo inclusive causar danos irreversíveis. Por esta razão, reduzir a desnutrição crónica e melhorar o acesso aos serviços de saúde por parte das crianças são objectivos primordiais.
Apoio psicossocial e trabalho na comunidade
Após a Declaração de Alma-Ata em 1978, que afirmava que a saúde é um direito humano fundamental e considerando as limitações e restrições de serviços médicos de reabilitação especializados, a Organização Mundial de Saúde (OMS) introduziu a Estratégia de Reabilitação Baseada na Comunidade, com a intenção de melhorar a qualidade de vida das pessoas com incapacidades por meio de iniciativas comunitárias. Foram promovidas desta maneira comunidades mais inclusivas assim como a utilização de recursos locais para apoiar a reabilitação das pessoas com incapacidades dentro das suas próprias comunidades. No entanto a persistência do estigma, os factores ligados às crenças culturais e á falta de conhecimento sobre algumas doenças, obstaculizam que as pessoas afectadas por algumas deficiências, ou doenças como a lepra, sejam integradas na comunidade como indivíduos iguais aos outros. A lepra é uma doença que tem um impacto social muito grande. O medo desta doença existe de facto desde tempos remotos e tem obrigado as pessoas atingidas a abandonar as suas famílias e comunidades e viverem isolados. Para muitas pessoas afectadas pela lepra, vencer a infecção não é suficiente para voltar a ter um estilo de vida normal. A lepra afecta a vida das pessoas de inúmeras maneiras, levando também a incapacidades físicas que dificultam a realização das atividades do dia-a-dia. A consequente diminuição do status da pessoa afectada dentro da família e da comunidade, leva a problemas psicossociais, estigma, discriminação e exclusão social, efeito isso das barreiras culturais, sociais, institucionais, ambientais e económicas que ainda existem e da pobreza. Moçambique registou, no ano 2017, quase dois mil novos casos de lepra em 23 distritos considerados endémicos no país (dados da OMS). As províncias de Cabo Delgado, Manica, Nampula, Sofala e Zambézia são as que mais casos registaram. As sequelas físicas e psicológicas deixadas por esta doença são tão significativas que torna-se necessário uma ajuda em termos de reabilitação socioeconómica a fim que a pessoa possa retomar um lugar efectivo na comunidade. Em termos socias, a evidência indica que as mulheres vivenciam mais problemas socioeconómicos, principalmente as mulheres jovens estão em situação de risco, pois a incapacidade ou a doença podem atrapalhar as perspectivas de casamento e deixa-las ainda mais vulneráveis à exploração. No caso das crianças atingidas pela lepra, elas apresentam necessidades e dificuldades emocionais podendo ser directamente afectadas pela incapacidade, sofrer porque seus pais ou parentes acusam esta doença e como resultado, ter maiores dificuldades no acesso e retenção na escola pudendo também ser isoladas dos amigos, escondidas pelas famílias ou ter que trabalhar. Actualmente em Moçambique percebe-se uma mudança na atitude em relação à lepra e á diminuição do estigma, o que faz com que frequentemente as pessoas afectadas vivam nas suas famílias e nas comunidades. Consequentemente torna-se estratégico o envolvimento da família e dos membros da comunidade no processo de empoderamento das pessoas com hanseníase assim como das pessoas portadoras de deficiência sensibilizando também a comunidade sobre a questão da deficiência, já que em muitos casos é considerada ainda uma maldição na família, prejudicando uma convivência social saudável e integral. Tanto na comunidade como no sector da educação existe ainda uma discriminação das crianças portadoras de deficiência; isto leva as famílias á opção de esconder as crianças em casa privando-as da oportunidade de uma vida mais integrada na sociedade e aumentando desta maneira o estigma social. Urge neste contexto uma acção bem articulada e coordenada de apoio psicossocial às crianças portadoras de deficiência assim como às famílias de maneira a promover a qualidade de vida e minimizar os efeitos psicológicos e emotivos que podem vir afectar a sua vida futura e a sua dignidade como pessoas. |
Objectivos
Nos âmbitos de acção propostos pretende-se alcançar os seguintes objectivos:
Abordagem e estratégia do projecto
Tendo como meta fundamental de todas as Acções propostas a dignidade de todo ser humano, e de maneira especial dos mais desfavorecidos, optar-se-á por uma abordagem baseada nos três Princípios inspiradores da Fundação e os seus Valores chave:
Mecanismos de coordenação, monitoria e avaliação
No desempenho da coordenação, monitoria e avaliação, a Fundação contará com a equipe de Coordenação Geral, os Coordenadores de Centro e as equipes de Conselho Técnico, cada uma com as suas competências específicas, a saber: Todas as áreas de acção serão analisadas trimestralmente a partir da planificação feita e a observação diária das diferentes actividades propostas em cada sector. O mecanismo de avaliação se realizará através de uma observação regular dos planos de actividades que permitirá considerar os progressos alcançados em todos os âmbitos e definir as acções a seguir. Para tal, serão utilizados mecanismos internos de
Na área social haverá mecanismos de monitoria através de planos mensais de visitas domiciliárias que permitirão avaliar o grau de implementação das orientações e formações proporcionadas às crianças e aos encarregados. No processo de avaliação do atendimento oferecido, se contará com a contribuição das Comissões de pais/mães. Nos Centros de Acolhimento serão monitorados e avaliados os Planos de Integração dos menores acolhidos, actualizando semestralmente as necessidades e medidas a serem tomadas para o bem-estar da criança. Os principais instrumentos de avaliação no trabalho com as crianças serão a Lista de Verificação da Implementação dos PMAC nas 7 Áreas de Serviço, focando especialmente para as dimensões de qualidade de cada Padrão, assim como o Regulamento da Protecção Alternativa de Menores do Ministério do Género, Criança e Acção Social. No trabalho com a comunidade, especialmente no âmbito de lepra e estigma, será adoptado o método de avaliação do impacto desde uma abordagem participativa que permita pôr a foco as mudanças ocorridas na vida pessoal, na participação e inclusão comunitária e na autossustentabilidade ou integração social. Para tal, serão de referimento constante os parâmetros indicados na Estratégia Global para Hanseníase 2016-2020 (OMS) e a Guia para a Reabilitação Socioeconómica de Pessoas afectadas por Hanseníase (ILEP).
Resultados esperados
No âmbito das metas delineadas nos diferentes Centros e Programas, a Fundação pretende alcançar os seguintes resultados:
Duração
O Projecto apresentado refere-se ao biênio 2019-2020, contudo, a duração destas Actividades é indeterminada já que as acções que se pretendem realizar a nível comunitário e socioeducativo requerem um acompanhamento a longo prazo.
Orçamento
Para a realização das Actividades propostas neste Plano de Acção, a Fundação disponibilizará um montante financeiro de 13.860.000 Meticais por ano conforme os seguintes orçamentos específicos:
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Anexos
Plano de trabalho geral
No biénio 2019-2020 a Fundação “Sementes de Esperança” pretende realizar o seguinte Plano de Trabalho:
Plano de trabalho anual
O Plano de Trabalho anual será realizado conforme os Projectos Educativos dos diferentes Programas e Centros de Acolhimento nos seguintes âmbitos de acção: |
Acompanhamento socioeducativo e centros de acolhimento
Lar da Esperança “Elda Lunelli”
Com este Centro de Acolhimento, no bairro de Cariacó da Cidade de Pemba, será oferecida Protecção Social Básica a um número de 120 crianças órfãs e vulneráveis de idade entre os 3 e 17 anos, proporcionando um atendimento em dois regimes: Aberto e Fechado. Em regime Aberto será atendido o 75% das crianças e o 25% em regime Fechado. Pretende-se, desta maneira, favorecer um acompanhamento integral e preparar a integração positiva das crianças na família natural e na sociedade. O Centro oferecerá um acompanhamento educativo integral e um atendimento individualizado que se realizará conforme os Padrões Mínimos de Atendimento á Criança.
Centro Recreativo “Okhaviherana”
O Centro pretende dar uma resposta á necessidade de ocupar educativamente o tempo livre das crianças nos contextos urbanos socialmente em risco, de maneira a prevenir os hábitos de rua entre os menores. Ao mesmo tempo foca a atenção no envolvimento e interacção com a comunidade do bairro. Este Centro de Acolhimento em regime Misto, no bairro Josina Machel da cidade de Pemba, prestará apoio a 400 crianças de idade entre os 6 e 16 anos com actividades educativas para a sua formação, tais como: reforço escolar, actividades didácticas, artesanais, desportivas e lúdicas. As crianças estarão domiciliadas nas suas próprias famílias e serão atendidas tendo em conta o contexto da comunidade, visando o desenvolvimento positivo da mesma e a corresponsabilidade activa dos pais na educação dos seus filhos. O atendimento será em dois turnos horários, de manhã e á tarde, e se proporcionará um lanche em cada turno.
Centro “Talita Kum”
Este Centro de Acolhimento na Cidade de Pemba, bairro Eduardo Mondlane, oferecerá Protecção Social Básica a um número de 80 raparigas órfãs e vulneráveis de idade entre os 11 e 17 anos, proporcionando um atendimento em regime Aberto para o 88% das meninas e em regime Fechado para o 12%. O Centro apoiará as raparigas no desenvolvimento das suas potencialidades de maneira que possam crescer com dignidade e construir a sua própria vida. Para tal, se facilitará o acesso á escola e serão proporcionadas várias oportunidades complementares de aprendizagem, de modo a melhorar o seu desempenho pedagógico. Para além disso, se favorecerão oficinas de formação profissional e artesanato.
Centro “Jovens de Esperança”
Funcionará como programa anexo ao Centro “Talita Kum” e atenderá 60 jovens e adolescentes do ensino secundário de ambos os sexos e de idade entre os 14 e 19 anos, funcionando em Regime Aberto com dois turnos horários. O Projecto Educativo responderá às necessidades específicas da idade da adolescência juvenil, promovendo a dignidade e o protagonismo dos jovens em situações de risco social, orfandade e carência familiar. Será proporcionado o acompanhamento escolar e treinamento profissional, assim como oportunidades de formação humana e iniciativas que despertem o compromisso pessoal desde uma visão ética, solidária e responsável.
Protecção dos menores O Centro pretende oferecer assessoria e assistência aos casos de grave vulnerabilidade na infância e adolescência e ao mesmo tempo promover uma solidariedade comprometida por parte da sociedade civil, criando um lugar de referência no combate às diferentes formas de negligência, exploração e violência sobre os menores na Província de Cabo Delgado. O Centro beneficiará, em regime de atendimento na comunidade, os menores cujos direitos fundamentais são violados, de maneira especial: Crianças portadoras de deficiência vítimas de estigma, exclusão, discriminação na família, abuso sexual, tráfico e violência. Raparigas forçadas ao casamento prematuro, induzidas á prostituição, privadas do direito á educação e á escola, exploradas no trabalho doméstico e vítimas de abuso sexual nas escolas, na família e na comunidade. Meninos na/da rua expostos á comportamentos em risco. Crianças vítimas de exploração e privadas dos seus direitos fundamentais. Para estes menores será favorecida protecção através de actividades de advocacia, orientação, escuta, formação, assistência e apoio, realizando um trabalho em rede com os órgãos competentes e com outras organizações comprometidas nesta área. Ao mesmo tempo, se pretende promover uma corresponsabilidade activa por parte de grupos de jovens e adultos comprometidos a favor da protecção do menor e da própria comunidade afectada, envolvendo activamente aquelas famílias já consciencializadas sobre os direitos e as vulnerabilidades das crianças, para que contribuam na sensibilização e divulgação social. Com o propósito de criar esta corresponsabilidade social, serão propostas actividades na comunidade, fóruns, debates, iniciativas públicas de divulgação e sensibilização, mesas redondas e oportunidades de formação para activistas voluntários que assumam um compromisso pessoal. Pretende-se desta maneira romper o silêncio sobre os casos de violência e negligência sobre o menor e encorajar a condenação colectiva de todas as formas de abuso sexual e exploração de crianças, minimizando o estigma e a rejeição social que inibem as pessoas a denunciar estes casos. Será promovida a defesa dos direitos da infância, capacitando e aconselhando a comunidade sobre a maneira de encontrar soluções adequadas às violações que ocorrem e sensibilizando em torno dos efeitos prejudiciais da violência sobre crianças e os métodos disciplinares não violentos. O Centro pretende também estabelecer práticas comuns de apoio às vítimas através do desenvolvimento e implementação de um modelo de protocolo que inclua medidas e programas eficazes de protecção, apoio e reintegração das vítimas e estimular as escolas a adoptar e implementar códigos de conduta visando á prevenção e dissuasão do abuso sexual e que abranjam todas as formas de violência, levando em consideração estereótipos e comportamentos baseados no género e outras formas de discriminação. Protecção alimentar Este programa visa contribuir no combate á desnutrição aguda nos primeiros 36 meses de vida da criança, através de intervenções de nutrição baseadas na comunidade, tais como a suplementação de nutrientes, o apoio à alimentação das crianças, o aconselhamento e formação das mães e a promoção de boas práticas de nutrição nos agregados familiares. Em coordenação com os Serviços Distritais de Saúde e Acção Social, o Programa prevê beneficiar um número de 30 crianças com desnutrição severa e/ou afectadas por HIV/SIDA do distrito de Mecufi, Posto Administrativo de Murrébuê e aldeia de Ngoma, monitorando a evolução do peso e do estado físico da criança. Para tal, serão favorecidas entregas quinzenais de produtos alimentares e de higiene conforme a idade da criança, de maneira a enriquecer a sua dieta alimentar dependendo da necessidade em que se encontre. Haverá uma atenta monitoria do estado de saúde do bebé e dos tratamentos medicamentosos, assim como aconselhamento e seguimento do TARV nas mães e nos filhos. Sempre que necessário, serão favorecidas consultas pediátricas ou de outras especialidades no Hospital Provincial de Pemba. O Programa se propõe criar uma maior consciência nas mães sobre o desenvolvimento integral da criança e fornecer os conhecimentos necessários para atender um crescimento saudável em todos os seus aspectos, minimizando a propagação de doenças infecto-contagiosas que agravam o estado de saúde do bebé. Com este objectivo, serão favorecidas palestras sobre nutrição e propriedade dos alimentos, puericultura e cuidados a ter com as crianças nos primeiros 3 anos de vida, prevenção de doenças e hábitos higiénicos, etc. Se realizarão também capacitações práticas sobre a preparação de multimistura e papas enriquecidas com produtos locais. As mães serão orientadas individualmente, conforme as necessidades observadas e serão acompanhadas com visitas domiciliárias regulares. Apoio psicossocial e trabalho na comunidade Pretende apoiar a escolarização das crianças do ensino primário e secundário e contribuir desta maneira ao aumento da taxa de escolarização nas realidades sociais mais carentes e desfavorecidas. Os alunos terão um acompanhamento individualizado que se realizará com um método de diagnóstico social, visitas domiciliárias, diálogo com os encarregados de educação e comunicação com a escola. O apoio será em termos de material, uniforme e propinas. Será promovida também a formação académica no Ensino Superior proporcionando bolsas de estudo universitárias. Na Cidade de Pemba serão apoiadas 90 crianças, prevendo um 60% do ensino secundário e um 40% do ensino primário. Dentre as crianças da escola primária, 18 alunos serão crianças portadoras de deficiência em escolas pilotos na educação inclusiva. No Ensino Superior, 2 jovens serão beneficiados de uma bolsa de estudo universitária na UCM. Nas zonas rurais, serão apoiadas 115 crianças do Ensino Primário em comunidades afectadas pela lepra. Promoverá a integração e reabilitação psicofísica da criança portadora de deficiência vivendo na família, desenvolvendo as suas habilidades e estimulando a psicomotricidade. Neste desafio, o Programa pretende envolver as mães das crianças e capacitá-las para que possam lidar de maneira adequada com as necessidades dos seus filhos e se comprometam activamente para o desenvolvimento das habilidades da criança. O Programa vai se realizar no distrito de Mecufi, Posto Administrativo de Murrébuê, e na Cidade de Pemba, bairro de Mahate. No Posto Administrativo de Murrébuê se prevê acompanhar um número de 50 crianças de diferentes idades junto com as suas mães. As crianças serão atendidas na comunidade com actividades orientadas á aquisição de hábitos de autonomia pessoal, desenvolvimento das habilidades intelectuais, sociais e de expressão assim como estimulação muscular e massagem. Promover-se-ão também momentos lúdicos que ajudem a criança a desenvolver as suas capacidades de socialização. Nestas actividades se pedirá sempre a presença das mães de maneira que possam melhorar o conhecimento das potencialidades dos seus filhos e aprender como promover a aquisição de autonomia e bons hábitos higiénicos. Para elas, serão proporcionadas palestras e treinamento sobre técnicas de fisioterapia doméstica e massagem, prática de exercícios para a psicomotricidade, características dos diversos tipos de deficiência, nutrição e educação alimentar sobre culturas ricas em nutrientes. As crianças com necessidade de atendimento fisioterápico no Hospital Provincial serão incentivadas com uma ajuda de transporte para suprir as dificuldades causadas pela distância. A participação nas sessões de reabilitação física no hospital será monitorada semanalmente. Um acompanhamento especial será favorecido também às crianças com necessidade de tratamento para a epilepsia, de maneira a educar as mães sobre como controlar as crises dos filhos e serem constantes na toma dos medicamentos. Na Cidade de Pemba, o Programa “Casa Azul” funcionará em parceria com a Paróquia “São Carlos Lwanga”, no bairro de Mahate, atendendo crianças portadoras de deficiência auditiva e algumas formas leves de deficiência intelectual. Neste contexto se promoverá a prática da educação inclusiva trabalhando com a comunidade e a escola comunitária completa do mesmo bairro. Serão atendidas 15 crianças de diferentes idades. Aquelas com deficiência auditiva, para além de frequentar a escola e terem um apoio em termos de material escolar e uniforme, terão um espaço especial para a aprendizagem da Linguagem de Sinais e, sendo elas todas adolescentes, terão acesso a actividades de artes e ofícios para o fortalecimento económico tais como: aulas de corte e costura, escultura de pau-preto, informática, artesanato, etc. Todas as crianças terão uma educadora para o reforço da aprendizagem no tempo extraescolar e oportunidades de realizar actividades extracurriculares na área cultural e artística. Como incentivo para a frequência, as crianças receberão um lanche e poderão ter o almoço na Escolinha paroquial “São Carlos Lwanga”. Tanto em Murrébuê como em Mahate, no que diz respeito á área psicossocial, será aprofundada a realidade familiar de cada criança e as suas condições habitacionais através de um trabalho regular de visitas domiciliárias e aconselhamento. As crianças vítimas de discriminação familiar, exploração, violência e abuso serão assistidas e a família será corrigida ou orientada sobre as melhores práticas de prevenção e controlo dos seus filhos. Este trabalho será realizado junto aos líderes comunitários, a direcção da escola e, em Mahate, também junto á paróquia. Em parceria com a Associação das Pessoas atingidas pela Lepra -ALEMO- e em coordenação com a Direcção Provincial da Saúde, sector de Lepra, serão promovidas acções em favor da cura e cuidados nas complicações desta doença, o acompanhamento psicossocial das pessoas atingidas e a sua reabilitação socioeconómica e integração na comunidade. Focando no princípio de inclusividade, se apostará em acções participativas junto às pessoas e comunidades afectadas pela doença e os membros da ALEMO, tendo como objectivo o empoderamento e a inclusão das pessoas atingidas pela hanseníase, a escuta e encaminhamento das suas dificuldades, o atendimento das necessidades especiais e o treinamento das habilidades pessoais de maneira a favorecer o processo de reabilitação socioeconómica e minimizar o estigma. Com estes objectivos estratégicos, o trabalho realizar-se-á tanto na Sede Provincial desta Associação, na Cidade de Pemba, como em alguns núcleos da mesma nos distritos de Metuge, Ancuabe, Chiúre, Namuno e Mecufi, dando prioridade ao atendimento daquelas localidades periféricas identificadas como mais críticas, por terem um maior índice de doentes não atendidos, desmoralizados, reticentes ao tratamento e estigmatizados assim como nas localidades onde for observada a influência de uma mentalidade e factores culturais que não favorecem a erradicação da lepra. O trabalho se realizará em três âmbitos: Núcleos da associação e trabalho nas comunidades afectadas pela lepra Acompanhamento intensivo para a reabilitação dos doentes com graves complicações Apoio às crianças atingidas ou afectadas pela lepra O trabalho nos núcleos da associação e nas comunidades afectadas pela lepra terá como grupo alvo os doentes de lepra não tratada, marginalizados da comunidade e vítimas de estigma, assim como as pessoas afectadas por esta doença com graves deformidades, úlceras, reacções lepróticas agudas e outras complicações. As acções serão principalmente na área de assistência social, formação humana e treinamento vocacional, ajudando ao mesmo tempo os membros associados a estruturar melhor o seu núcleo aprofundando a Visão, Missão e Valores da ALEMO e planificando as actividades pertinentes conforme os objectivos da Associação. Será proporcionado um treinamento específico aos membros da ALEMO comprometidos com o trabalho social de maneira a capacitá-los sobre a metodologia para a acção social na comunidade, a sensibilização comunitária e domiciliar, a orientação e acompanhamento dos doentes de lepra e casos suspeitos assim como as práticas de autocuidado. O acompanhamento intensivo para a reabilitação dos doentes com graves complicações realizar-se-á no Centro “Lambaréné”, Sede Provincial da ALEMO, e prevê o treinamento de um assistente social para a realização de diagnósticos sociais aos doentes que permitam avaliar o impacto psicológico da hanseníase, o grau de autoconfiança, autoestima, emoções relacionadas com o estado de medo e a ansiedade, de maneira a poder estabelecer uma relação de ajuda positiva que devolva ao doente um estilo de vida normal. Pretende-se também favorecer sessões de terapia ocupacional e de treinamento vocacional, através de actividades de reabilitação psico-emocional, oficinas de aprendizagem técnico-artesanal, projetos para autossustento e aulas de alfabetização. No mesmo Centro e em coordenação com a DPS, será dado o acompanhamento intensivo oportuno aos doentes com necessidades especiais e complicações tais como: úlceras graves, reacções lepróticas severas, falta de autonomia para tomar os medicamentos de lepra, necessidade de reabilitação física e fisioterapia, doenças associadas com necessidade de consultas especializadas, anemia severa, etc. Para tal, se contará com a colaboração no Centro de um técnico de saúde. Para cada doente acolhido, elaborar-se-á um Plano de Reabilitação e Integração Social com uma metodologia participativa, considerando todos os aspectos da vida e analisando as acções necessárias nas áreas de saúde, apoio psicossocial, habitação e fortalecimento económico. O Apoio às crianças atingidas ou afectadas pela lepra tem o objectivo de promover a escolarização de 115 crianças em situação de vulnerabilidade a causa desta doença, optando por aquelas zonas rurais onde há maior necessidade de consciencializar sobre a importância da escolarização e dando prioridade a 11 aldeias onde existem núcleos da ALEMO nos distritos de Ancuabe, Chiúre, Namuno, Mecufi e Metuge. Além do apoio material às crianças, se pretende oferecer um plano de sensibilização comunitária sobre a importância da escolarização, em colaboração com a direcção de cada escola e os líderes comunitários. Em forma experimental, se analisará a possibilidade de contribuir para a melhoria de duas Escolas Primárias construídas com material local em zonas rurais periféricas e de difícil acesso, proporcionando um oleado para reforçar a cobertura do tecto e quadros pretos. Pretende-se deste modo, favorecer a integração escolar das crianças atingidas pela lepra apoiando toda a sua comunidade neste aspecto. |
Quadro do pessoal
Para a realização de todas estas Actividades, a Fundação contará com um Quadro do Pessoal de 49 trabalhadores, sendo 23 mulheres e 26 homens com as seguintes funções:
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